Aditivos Alimentares no Brasil: O Que Você Precisa Saber Sobre os Riscos e Regulamentações
Descubra quais substâncias estão presentes nos alimentos industrializados, seus potenciais perigos à saúde e como o Brasil as regula em comparação com outros países
Aditivos alimentares são substâncias adicionadas aos alimentos para melhorar o sabor, a textura, a cor, a conservação e outras características. No entanto, alguns aditivos podem ser perigosos à saúde, especialmente quando consumidos em excesso ou por pessoas com sensibilidades.
Alguns dos aditivos alimentares são banidos ou altamente restritos em outros países. Diferentes regiões têm regulamentos alimentares mais rigorosos, o que leva à proibição de certos aditivos que são permitidos no Brasil.
Aqui no Brasil, os aditivos alimentares são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que segue as diretrizes internacionais do Codex Alimentarius, uma referência global para a regulamentação de alimentos. A ANVISA avalia a segurança dos aditivos, estabelecendo limites máximos permitidos para cada substância com base em testes toxicológicos e na observação de seus efeitos à saúde. O uso de aditivos alimentares no país é bastante amplo, especialmente em produtos industrializados, mas existem normas que exigem que as substâncias sejam listadas nos rótulos dos alimentos.
Aqui estão alguns dos aditivos alimentares mais controversos e considerados perigosos que foram banidos ou regulados de forma mais restritiva no exterior:
1. Glutamato Monossódico (MSG - E621)
Uso: Potencializador de sabor, especialmente em alimentos processados.
Perigos: Ligado a reações adversas como dores de cabeça, náuseas e palpitações.
Status no exterior: O uso de MSG é regulado em países como o Japão e na União Europeia, mas não é completamente banido. A Austrália exige que produtos contendo MSG sejam rotulados claramente.
Posição no Brasil: O uso do glutamato monossódico é permitido, mas deve estar claramente indicado nos rótulos. Não há restrições severas quanto às quantidades, mas a ANVISA segue os limites estabelecidos pelo Codex Alimentarius.
2. Aspartame (E951)
Uso: Adoçante artificial presente em bebidas diet e produtos "sem açúcar".
Perigos: Associado a dores de cabeça e efeitos neurológicos em pessoas sensíveis.
Status no exterior: Permitido em muitos países, mas sob debate contínuo. Na União Europeia, seu uso é regulamentado com limites rigorosos.
Posição no Brasil: Permitido e amplamente utilizado em produtos "diet" e "light". A ANVISA considera o aspartame seguro, desde que consumido dentro dos limites diários recomendados (ADI - ingestão diária aceitável).
3. Nitratos e Nitritos (E249, E250, E251, E252)
Uso: Conservantes em carnes processadas como bacon e salsichas.
Perigos: Ligados à formação de compostos cancerígenos (nitrosaminas).
Status no exterior: Regulamentados na União Europeia, com restrições quanto às quantidades permitidas. Alguns países europeus, como a Noruega, incentivam a redução de seu uso.
Posição no Brasil: Regulamentados pela ANVISA com limites específicos para o uso em carnes processadas. O Brasil permite seu uso, mas também estabelece a necessidade de controle das quantidades para evitar a formação de compostos cancerígenos.
4. Corantes Artificiais (E102, E104, E110, E122, E129, etc.)
Uso: Para intensificar ou modificar a cor de alimentos.
Perigos: Associados a reações alérgicas e hiperatividade em crianças.
Status no exterior: Alguns corantes, como a tartrazina (E102) e o vermelho 40 (E129), são banidos na Noruega e Áustria. Na União Europeia, produtos com esses corantes devem ter advertências sobre os riscos à saúde infantil.
Posição no Brasil: A ANVISA permite o uso de vários corantes artificiais, como a tartrazina (E102) e o vermelho 40 (E129), mas exige que sejam indicados nos rótulos. No caso da tartrazina, o aviso sobre possíveis reações alérgicas deve constar nos produtos que a contenham.
5. BHA e BHT (E320, E321)
Uso: Antioxidantes usados para evitar que alimentos gordurosos rançassem.
Perigos: Estudos sugerem que podem ser cancerígenos.
Status no exterior: O BHA é proibido em alimentos para bebês na União Europeia e no Japão. O BHT é banido em países como Reino Unido, Austrália e Suécia.
Posição no Brasil: Permitidos pela ANVISA como antioxidantes em alimentos processados. Os níveis são regulados, mas não há proibição específica, como ocorre em outros países.
6. Xarope de Milho com Alto Teor de Frutose (HFCS)
Uso: Adoçante utilizado em refrigerantes e alimentos processados.
Perigos: Ligado à obesidade e doenças metabólicas.
Status no exterior: Regulamentado em alguns países, como o México, que impõe tarifas para desestimular seu uso. Na União Europeia, o HFCS é utilizado em quantidades limitadas.
Posição no Brasil: Permitido sem restrições especiais, mas o uso em alimentos industrializados é relativamente menor comparado aos Estados Unidos, devido à preferência pela cana-de-açúcar como fonte de adoçantes.
7. Sulfitos (E220-E228)
Uso: Conservantes usados em frutas secas e vinhos.
Perigos: Podem causar reações alérgicas graves, especialmente em asmáticos.
Status no exterior: Na União Europeia e nos Estados Unidos, o uso de sulfitos é permitido, mas há limites rigorosos para minimizar os riscos à saúde.
Posição no Brasil: Regulamentados pela ANVISA, com limites para seu uso em alimentos, especialmente em vinhos, frutas secas e alimentos processados. Seu uso é permitido, mas deve ser indicado nos rótulos.
8. Fosfatos (E338-E341, E450, E451)
Uso: Usados como conservantes em carnes processadas e produtos lácteos.
Perigos: O consumo excessivo pode causar problemas cardíacos e ósseos.
Status no exterior: Regulados na União Europeia e nos Estados Unidos, mas permitidos com limites em alimentos industrializados.
Posição no Brasil: Permitidos em alimentos processados, como carnes embutidas, com regulamentação específica sobre os níveis permitidos.
9. Benzoato de Sódio (E211)
Uso: Conservante em refrigerantes, sucos e molhos.
Perigos: Quando combinado com vitamina C, pode formar benzeno, um composto cancerígeno.
Status no exterior: O uso de benzoato de sódio é restrito na União Europeia, especialmente em bebidas, devido ao risco de formação de benzeno.
Posição no Brasil: Regulamentado e permitido em alimentos ácidos, como refrigerantes e sucos. Deve constar nos rótulos, mas o uso é considerado seguro pela ANVISA dentro dos limites estabelecidos.
10. Óleo Vegetal Bromado (BVO)
Uso: Em refrigerantes cítricos para evitar a separação de ingredientes.
Perigos: Pode causar problemas neurológicos e danos ao fígado.
Status no exterior: Banido na União Europeia, Japão e Índia. Nos Estados Unidos, o BVO é permitido em níveis limitados.
Posição no Brasil: Permitido pela ANVISA em algumas categorias de bebidas. No entanto, seu uso é menos comum no Brasil em comparação com os Estados Unidos.
11. Propilparabeno (E216)
Uso: Conservante em confeitos e produtos de panificação.
Perigos: Suspeito de ser disruptor endócrino.
Status no exterior: Banido na União Europeia devido a preocupações com sua segurança.
Posição no Brasil: Permitido em produtos alimentícios, embora seja mais comumente encontrado em cosméticos. O Brasil segue os limites recomendados pelo Codex Alimentarius.
12. Carboximetilcelulose (CMC - E466)
Uso: Espessante e emulsificante usado em sorvetes e molhos.
Perigos: Associada a inflamações intestinais.
Status no exterior: Permitida na União Europeia e nos Estados Unidos, mas sob vigilância contínua devido a seus potenciais efeitos adversos.
Posição no Brasil: Regulamentada e amplamente permitida pela ANVISA, sendo usada como espessante e emulsificante em alimentos processados.
13. Polissorbato 80 (E433)
Uso: Emulsionante em sorvetes e sobremesas lácteas.
Perigos: Associado a inflamações intestinais e doenças metabólicas.
Status no exterior: Permitido com restrições na União Europeia e nos Estados Unidos.
Posição no Brasil: Permitido pela ANVISA, mas com limites máximos estabelecidos para evitar efeitos adversos.
14. Eritrosina (E127)
Uso: Corante vermelho usado em confeitos e cerejas em conserva.
Perigos: Ligada a efeitos na tireoide e potencial carcinogenicidade.
Status no exterior: Banida em muitos países europeus. Permitida em quantidades limitadas nos Estados Unidos.
Posição no Brasil: Permitida pela ANVISA, mas com regulamentação estrita. Seu uso é mais controlado em função de seus potenciais riscos à saúde.
15. Dietanolamina (DEA)
Uso: Emulsionante e agente formador de espuma em alimentos processados.
Perigos: Potencialmente carcinogênica em combinação com outros compostos.
Status no exterior: Banida em alimentos na União Europeia e regulada em muitos outros países devido aos riscos cancerígenos.
Posição no Brasil: Não é comum seu uso em alimentos no Brasil, sendo mais encontrado em cosméticos e produtos de limpeza. Seu uso é regulamentado em produtos não alimentares.
16. Ftalatos
Uso: Usados em embalagens plásticas e em alguns alimentos processados.
Perigos: Associados a problemas hormonais e desenvolvimento infantil.
Status no exterior: Banidos em embalagens de alimentos na União Europeia e regulados em países como Canadá e Japão.
Posição no Brasil: Embora seu uso seja permitido em algumas embalagens plásticas, os ftalatos são regulamentados para garantir que a migração para os alimentos seja mínima. Há restrições, especialmente para produtos destinados a crianças.
17. Hidroxianisol Butilado (BHT - E321)
Uso: Antioxidante em alimentos processados como cereais e batatas fritas.
Perigos: Pode ser carcinogênico e disruptor hormonal.
Status no exterior: Banido em alguns países, como Reino Unido, Austrália e Suécia.
Posição no Brasil: Permitido como antioxidante, com limites estabelecidos para seu uso em alimentos gordurosos. A ANVISA considera seu uso seguro dentro dos níveis regulamentados.
18. Alumínio em Aditivos (E520-E523)
Uso: Usado em fermentos e estabilizadores em produtos de panificação.
Perigos: A exposição prolongada a altas doses pode ser neurotóxica.
Status no exterior: Regulamentado na União Europeia e banido em fórmulas infantis.
Posição no Brasil: Regulamentado pela ANVISA, especialmente em produtos de panificação e fermentos. Há limites para garantir a segurança do consumo.
19. Polidextrose (E1200)
Uso: Substituto de gordura e açúcar em produtos "light".
Perigos: Pode causar desconforto digestivo em grandes quantidades.
Status no exterior: Permitido em diversos países, incluindo a União Europeia e os Estados Unidos, mas com quantidades controladas.
Posição no Brasil: Permitido pela ANVISA como substituto de gordura e açúcar em produtos "light" e "diet", desde que não ultrapasse os níveis permitidos.
20. Sucralose (E955)
Uso: Adoçante artificial em bebidas diet e produtos de panificação.
Perigos: Pode alterar a microbiota intestinal.
Status no exterior: Permitido na União Europeia e nos Estados Unidos, mas sob revisão em alguns países europeus.
Posição no Brasil: Permitida pela ANVISA, amplamente utilizada em bebidas e alimentos sem açúcar. Considerada segura, desde que consumida dentro dos limites diários aceitáveis.
21. Glifosato (resíduo de pesticida)
Uso: Resíduo em alimentos processados feitos de soja, milho e trigo.
Perigos: Associado a câncer e distúrbios hormonais.
Status no exterior: Banido ou severamente restringido em países como Alemanha, França e Áustria.
Posição no Brasil: Permitido no uso agrícola, o que pode levar à presença de resíduos em alimentos processados. O Brasil ainda autoriza o uso do glifosato em várias culturas, mas está sob pressão de grupos ambientais e de saúde pública para uma revisão de seu uso.
Cuidados ao consumir alimentos com aditivos:
- Moderação: Evitar o consumo excessivo de alimentos processados ricos em aditivos.
- Leitura de rótulos: Fique atento aos ingredientes e procure alimentos naturais ou com menos aditivos.
- Alternativas caseiras: Cozinhar em casa e preferir alimentos frescos ajuda a reduzir a ingestão de aditivos alimentares potencialmente perigosos.
A segurança dos aditivos alimentares está frequentemente em debate, e o impacto de muitos deles depende da quantidade consumida e da sensibilidade individual. Embora alguns aditivos possam ser seguros em pequenas quantidades, a exposição contínua e o consumo excessivo de alimentos processados podem aumentar os riscos à saúde.
O Brasil permite o uso de muitos aditivos que são regulamentados ou até proibidos em outros países. A ANVISA desempenha um papel central na avaliação da segurança desses ingredientes, mas o fato de muitos produtos serem permitidos, ainda que com limites, pode gerar preocupações para os consumidores. Para aqueles que desejam minimizar a exposição a esses aditivos, optar por alimentos frescos e não processados, além de prestar atenção aos rótulos, são estratégias importantes para garantir uma alimentação mais saudável.