Massive Attack Revoluciona Shows ao Vivo com Festival de Baixo Carbono e Convoca a Indústria para a Mudança
Banda britânica marca presença no Festival Ato 1.5 e marca novo padrão com práticas ecológicas pioneiras, alimentação vegana e energia renovável
O Massive Attack, banda britânica pioneira do trip hop, acaba de realizar um festival que redefiniu as regras dos shows sustentáveis e está chamando a atenção da indústria da música ao vivo para adotar práticas de baixo carbono. No dia 25 de agosto de 2024, a banda reuniu 35.000 pessoas em Bristol, sua cidade natal, em um evento que não só marcou o retorno aos palcos após cinco anos, mas também estabeleceu um novo padrão global de sustentabilidade para eventos de grande escala. Ao lado de artistas como o rapper americano Killer Mike e o grupo folk irlandês Lankum, o Massive Attack entregou um espetáculo que foi muito além da música, promovendo um manifesto pela sustentabilidade.
Ato 1.5: Inspirado pelo Acordo de Paris
O evento, intitulado Ato 1.5 (Act 1.5), faz referência ao Acordo de Paris de 2015, que busca limitar o aquecimento global a 1,5°C. Este show levou sete anos para ser concretizado e foi descrito como o festival de menor emissão de carbono de sua escala na história da música. Contando com alimentos exclusivamente veganos, energia renovável para alimentar o palco e nenhuma área de estacionamento, o festival provou que é possível realizar grandes eventos com um impacto ambiental mínimo.
Mudanças Práticas para um Impacto Real
Três anos antes do festival, o Massive Attack encomendou um estudo ao Tyndall Centre for Climate Change Research, que propôs um guia prático para a redução de emissões nos eventos musicais. Um dos principais focos do festival foi a mobilidade: os organizadores priorizaram a venda de ingressos para os moradores locais e incentivaram o uso de transportes sustentáveis, como bicicletas, trens e transporte público. Inclusive, cinco trens especiais foram disponibilizados para levar o público de volta para casa, já que os trens noturnos estavam suspensos no feriado.
Alimentação Vegana e Combate ao Desperdício
Toda a comida servida no evento, tanto para o público quanto nos bastidores, era à base de plantas. Fornecedores veganos, como Chiki Monkey e Soy Ahoy, serviram pratos deliciosos como ragu de abobrinha e cheesesteaks veganos. O festival também implementou um rigoroso plano para evitar o desperdício, com redistribuição de alimentos excedentes e compostagem dos resíduos. Os utensílios utilizados no evento eram compostáveis, e os banheiros também seguiam essa linha ecológica.
Uma Nova Abordagem para o Transporte de Equipamentos e Cenários
Para reduzir as emissões relacionadas ao transporte de equipamentos, a banda reduziu drasticamente o número de caminhões utilizados, de seis para dois, ambos movidos a eletricidade. "Projetamos um show que não sacrifica a qualidade visual ou sonora, mas que agora é mais sustentável", comentou o vocalista Robert Del Naja. "Isso prova que é possível criar um espetáculo impressionante e ainda assim reduzir o impacto ambiental."
Futuro Sustentável para a Indústria Musical
O Massive Attack planeja continuar esse movimento. Além de plantar 19.150 carvalhos em terras próximas a Bristol como parte de um projeto de reflorestamento, a banda está comprometida em usar as lições do Ato 1.5 para tornar seus próximos shows ainda mais ecológicos. O relatório completo sobre o impacto climático do evento será publicado em breve, oferecendo diretrizes valiosas para toda a indústria musical.
Enquanto outros artistas, como Coldplay e Billie Eilish, também têm feito esforços para reduzir suas pegadas de carbono, Del Naja destaca que ainda há muito a ser feito. Ele desafia promotores e músicos a tomarem medidas mais ousadas e imediatas. "Não podemos esperar pelas políticas governamentais; a mudança precisa vir da indústria agora", concluiu.
O Massive Attack, com sua visão inovadora, demonstra que a música ao vivo pode ser não apenas emocionante, mas também responsável e alinhada com os desafios climáticos do nosso tempo.